As doenças psicossomáticas são conhecidas há muito tempo, mas em pleno século XXI, continuam gerando perguntas e despertando muita incompreensão. Muitos pensam nelas como se fossem simulações.
As doenças psicossomáticas não são doenças falsas. O que acontece é que seus sintomas são desencadeados por razões mentais.
Uma dor psicossomática nas pernas é totalmente real, o que acontece é que o problema não está nas pernas. Quem sofre disso, sofre como se realmente houvesse uma lesão ou trauma. O que acontece é que esse tipo de doença não obedece a uma razão física, e sim a uma condição psíquica. Por isso se afirma que “o cérebro pode gerar uma doença”.
“De noventa doenças, cinquenta são produzidas pela culpa e quarenta pela ignorância”. dizia Paolo Mantegazza
As doenças psicossomáticas
Todas as emoções têm a capacidade de gerar mudanças físicas. Quem nunca sentiu as chamadas borboletas no estômago quando se apaixonou? Esta é uma sensação física originada nos sentimentos e nas emoções.
O mesmo acontece quando, por exemplo, falamos em público. O coração bate mais forte e as pernas tremem.
Nestes exemplos, ninguém duvida da interacção entre emoções e manifestações físicas. Entretanto, quando falamos de doenças psicossomáticas, surgem as dúvidas.
Muitos pensam que o medo pode causar um tremor nas pernas, mas negam reconhecer que esse medo, em determinadas circunstâncias, possa dar origem a sintomas mais graves.
É uma contradição na qual muitos médicos também caem. Há uma forte tradição que nos leva a separar a mente do corpo e a considerar os fenómenos da mente como “ficções”, e os fenómenos físicos como “reais”.
Um problema generalizado
As pessoas, regra geral, mostram-se incomodadas, decepcionadas, inclusive irritadas, quando são informadas de que o seu problema é psicossomático, ou seja, a sua queixa tem origem mental.
De alguma forma, esta deveria ser uma boa notícia para elas, mas não é assim. Em muitos casos, as pessoas sentem que estão sendo consideradas “loucas”.
Neste sentido, parece que somos muito menos hábeis no momento de identificar sintomas emocionais do que somos em camuflá-los. Assim, esse mal-estar muitas vezes retorna em forma de sintoma físico, que normalmente é de ordem psicossomática.
Ao receberem o diagnóstico, as pessoas precisam reconhecer aquilo que antes decidiram ignorar. E muitas não estão preparadas para isso ou não acreditam nessa relação.
Há um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) segundo o qual uma em cada cinco pessoas possui pelo menos seis sintomas físicos que não podem ser explicados por alguma razão orgânica. Ou seja, tem problemas psicossomáticos.
Outro estudo destaca que, entre os pacientes que estão hospitalizados, pelo menos 30% correspondem a casos de doenças psicossomáticas.
Em muitos casos, o problema continua sendo a resistência de muitos pacientes em aceitar o diagnóstico, o medo de que exista alguma causa orgânica que não foi notada ou a motivação de simplificar a intervenção, depositando a responsabilidade sobre fármacos ou intervenções cirúrgicas, são duas das principais construções dessa resistência.
Por outro lado, isto é um problema, já que é necessária uma colaboração activa do paciente para atacar o que está somatizado e está a produzir a sintomatologia.
De qualquer forma, o sofrimento é real e, portanto, o nosso dever como sociedade é continuar investigando, ao mesmo tempo que derrubamos os mitos em torno das doenças psicossomáticas.
Texto adaptado de A Mente é Maravilhosa (Doenças Psicossomáticas)
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