Independentemente das nossas intenções e interesses, as nossas emoções sempre condicionam a maneira como nos comportamos.
Mas, embora não possamos assumir o controlo total de nosso lado emocional, podemos modular a maneira pela qual ele é expresso. E isso é especialmente importante quando o que nos acontece tem a ver com as chamadas emoções negativas, que são aquelas ligadas ao sofrimento psicológico.
Saber expressar a dor emocional de maneira adequada nas nossas vidas e relações pessoais é, portanto, muito importante, porque ao negligenciar esta tarefa em momentos de crise, estes podem agravar os problemas em que estamos envolvidos. Explosões de raiva descontrolada, hostilidade injustificada, adopção de um derrotismo paralisante… São estados psicológicos que nos podem afundar ainda mais se não os controlarmos bem.
Se há algo que os seres humanos acreditam é que não conseguem controlar as suas emoções patológicas. É como tentar negar o que nos faz sentir mal. O que quer que façamos, viveremos sempre experiências negativas ao longo da vida que nos fazem sofrer, e tentar mostrar que elas não existem ou que não nos afectam, não é algo que ajude, bem pelo contrário.
Se tentarmos negar ou omitir o que nos faz sentir mal, é mais provável que, no momento mais imprevisto, isso nos leve a agir de forma inesperada e difícil de controlar. As emoções extravasam sempre através das nossas acções e na forma como nos expressamos, pelo que é melhor estarmos preparados para modular, mesmo um pouco, aqueles momentos em que o nosso lado emocional assume o controlo.
Assim, se encontrarmos maneiras de canalizar emoções ligadas ao sofrimento psicológico, poderemos evitar que sejam mal interpretadas ou causem mais sofrimento a outras pessoas.
Como regular e expressar a dor emocional?
Fale com alguém próximo de si.
O simples facto de ajustarmos as ideias sobre o que sentimos com o que os outros observam em nós, poderá ajudar-nos a compreender a dimensão da dor que sentimos.
Por um lado, isso permite-nos expressar verbalmente como nos sentimos num ambiente seguro, em que nos sentimos apoiados. Por outro lado, permite-nos relativizar a importância de certos eventos que nos causam a dor emocional. Visto de uma perspectiva um pouco mais serena e distante, alguns eventos perdem o seu poder dramático, fazendo-nos sentir capazes de lidar com eles de uma maneira mais construtiva. Ter uma segunda ou terceira opinião isenta ou profissional ajuda-nos a detectar essas ideias baseadas em excessivo pessimismo.
Descarregar as tensões de maneira controlada praticando um desporto
Há emoções dolorosas que nos levam a um estado de tensão e alerta constantes. Para expressar os seus efeitos de maneira adequada e saudável, não há nada como a prática de actividade desportiva. Se exercitarmos os nossos músculos, parte dessa “sobrecarga” de energia será investida nessas tarefas que nos obrigam a controlar bem o nosso foco. Depois dessas sessões, a dor emocional ainda pode estar presente, mas não a sentiremos como uma sensação de alerta.
Ter uma explicação preparada sobre o que está a acontecer consigo
Devemos considerar a possibilidade de informarmos os outros sobre o que está acontecendo connosco, para que eles saibam como interpretar certos comportamentos incomuns de sua parte.
Evitar discussões
Quando estamos sofrendo os efeitos da dor emocional, não é o momento de discutir. Se houver alguma indicação de que situações conflituosas possam acontecer, vale a pena deixar a discussão para outra ocasião. Além disso, é bom dizer explicitamente que adiamos essa conversa precisamente por causa disso. Especialmente nessas situações, a honestidade é um valor a ser reivindicado.
Usar técnicas de relaxamento
Intervir em processos fisiológicos pode causar uma grande redução da ansiedade. Ao fazer isso, agimos num dos aspectos fundamentais do comportamento e do estado mental vivenciado, pois faz com que a diminuição da ansiedade crie uma reacção em cadeia que, em geral, será benéfica.
Fazer um registo diário
O monitoramento diário de como se sente irá ajudá-lo a entender melhor o que acontece consigo enquanto expressa essa dor emocional. A releitura dessas páginas facilitará o trabalho construtivo para resolver o problema subjacente, seja modificando as coisas no seu ambiente ou trabalhando as suas emoções e a sua filosofia de vida.
Cuidado com o que come
A compulsão alimentar é uma armadilha comum em que muitas pessoas que passam por maus momentos ou são vítimas da ansiedade caem. Comer oferece uma recompensa imediata, uma sensação de prazer que nos permite mascarar por um breve período o que gostaríamos de esquecer. Assim, o melhor truque possível é manter um controlo muito sistemático sobre o que é ingerido e não se expor à tentação. Por exemplo, ficar literalmente longe da comida mais viciante.
Ninguém tem a verdade absoluta
Algo que ajuda muito a expressar uma dor emocional de forma saudável é estar ciente de que ninguém tem a verdade absoluta sobre o que está acontecendo consigo. Isso significa que a raiva, a tristeza ou o sentimento de derrota são elementos que existem independentemente de nós, como realidades que conhecemos e nada mais. Nós não apenas os conhecemos, nós também os criamos.
Fonte: Psiconlinenews
Castro Dias (Terapia das Mente)
Culto das Emoções