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Foto do escritorTerapias da Mente

Os efeitos psicológicos do abandono emocional

Todos nós queremos ser aceites e amados, seja pela nossa família, cônjuge, parceiro ou grupo de amigos, pois os relacionamentos sociais fazem parte de nossa natureza humana e queremos que eles sejam o mais saudáveis ​​possível.

No entanto, às vezes sentimos que um ente querido não nos dá atenção suficiente ou está distante e frio, sem saber exactamente a que tal se deve.

O abandono emocional é algo que pode ser vivido com profundo sofrimento e nem todos manifestam os mesmos sinais.

O que se entende por abandono emocional?

O termo abandono emocional é um pouco difícil de definir, pois depende de como cada pessoa o vive e do significado que lhe dá. Tentando defini-lo da maneira mais objectiva possível, o abandono emocional é um estado subjectivo no qual uma pessoa se sente indesejada, negligenciada ou perdeu uma fonte de sustento emocional, repentina ou gradualmente.

Por se tratar de uma situação de abandono, a ruptura do vínculo emocional ocorre unilateralmente, ou seja, uma das duas pessoas envolvidas no relacionamento, seja familiar ou íntimo, deixa de fazer parte dele sem prévio aviso ou muito bruscamente. Quando isso acontece, a outra pessoa, que se sente apegada àquele que o abandonou, sofre consequências emocionais como resultado da rejeição.

Sinais

Seja num casal, entre amigos ou numa família, existem vários sinais que indicam que há uma situação de abandono emocional.

No entanto, estes podem ser tão subtis que podem não ser percebidos. Embora possam ser comportamentos muito simples, que aparentemente não são feitos com más intenções, eles acabam tornando-se muito prejudiciais.

Alguns dos sinais mais comuns são:

1. Falar sobre questões rotineiras e superficiais

Quando duas pessoas que se amam apenas passam alguns minutos por dia conversando sobre assuntos superficiais, como o tempo, isto pode transformar- se numa situação em que uma delas não se sente amada o suficiente pela outra.

Além disso, no campo das amizades ou familiar, isto pode arrefecer o relacionamento a longo prazo.

2. Quando há outras pessoas e cada uma fala apenas com as suas próprias amizades

Quando um casal sai e um dos membros do casal tem mais relacionamento com o grupo de amigos do que o outro e não compartilham as mesmas amizades.

Embora possa ser um sinal que não indique algo sério, o facto de cada um se dedicar a conversar com os amigos e deixar o outro de lado pode indicar que existe uma certa intenção de ‘abandonar’ o casal.

Se esta situação se repetir várias vezes, isso pode indicar que ambos estão interessados ​​em se ignorar quando houver outras pessoas, aproveitando-se dessa situação social.

3. Desconfiança

Quando duas pessoas, quer sejam um casal, irmãos, pais, amigos ou namorados, sentem que não podem contar um com o outro para assuntos importantes, é um claro indicador de que há falta de confiança.

Por sua vez, a falta de confiança contribui para a situação de abandono emocional, porque aquele que se sente vitimizado, sente que não é levado a sério ou valorizado o suficiente.

4. Desinteresse pelo afecto do outro

Os seres humanos, como animais sociais que somos, precisam de carinho. Carícias, abraços, beijos e elogios são aspectos que, embora possam parecer pequenos, não são.

Quando uma pessoa é procurada e não responde correctamente a esses actos, ou dá muito pouca importância, pode gerar um sentimento de rejeição.

Um bom relacionamento é aquele em que ambos se sentem igualmente amados e se correspondem quando actos afectivos são mostrados.

Consequências e distúrbios associados

Pessoas que foram emocionalmente abandonadas podem manifestar uma ampla gama de problemas associados, que podem variar em função da gravidade e impacto na vida cotidiana. Os tipos mais comuns de sintomas são geralmente depressivos, como tristeza, perda de interesse em actividades anteriormente agradáveis e evitam a interacção com outras pessoas, tanto por medo de serem magoadas novamente quanto por falta de desejo.

O abandono emocional, quando não é devidamente identificado e assumido, levará ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos tornando-se num factor de risco e gerador de perturbações emocionais.

Ansiedade de separação

Este tipo de ansiedade é visto por muitos como uma fonte importante de angústia e disfuncionalidade no indivíduo.

A separação do cuidador cria uma situação que é um terreno fértil para a percepção do abandono emocional.

Perder um relacionamento cria incerteza no indivíduo. Não saber se a pessoa amada voltará ou não, seja um dos pais ou o casal, junto com o medo de não saber se esta adversidade pode ser superada, cria tensão emocional.

Isto, combinado com o desconforto que o sentimento de abandono causa, faz com que a pessoa se auto-avalie constantemente, procurando defeitos e fraquezas.

Trauma psicológico e transtorno de stress pós-traumático (TSPT)

Embora isto possa ocorrer devido a um caso extremo, a verdade é que existem pessoas que manifestam sintomas de TSPT quando o relacionamento com um ente querido é interrompido.

Vivenciar constantemente o sofrimento emocional pode gerar uma situação traumática que, embora não precise se tornar patológica, produzirá sequelas importantes na maneira como a pessoa se comporta.

Se a ruptura do relacionamento foi abrupta, a pessoa pode temer que, nos relacionamentos futuros, esse evento ocorra novamente, vivendo uma situação de medo constante de que o passado se repita.

Transtorno da personalidade limítrofe (TPL)

Entre os sintomas mais característicos do TPL estão o medo de críticas e rejeição social, bem como o grande medo de ser abandonado.

Pessoas que sofrem deste distúrbio são muito sensíveis em relação a outras pessoas, bem como manifestam dificuldade em controlar as suas emoções e impulsividade.

Pode também ser acompanhado de insegurança em relação à própria identidade e ter pensamentos paranóicos.

Outros problemas

Como já foi dito, o abandono emocional, embora seja uma situação desagradável, não precisa envolver patologia.

Dada a experiência de uma dessas situações, a pessoa pode passar por muitos sentimentos diferentes, dependendo da experiência e da sua personalidade.

Algumas pessoas se odeiam, uma vez que vêem indicações de que o que aconteceu é devido à sua culpa e, portanto, acreditam que poderiam ter-se comportado de maneira diferente para evitá-la.

Outros desenvolvem uma muito baixa auto-estima, pensando que o facto de terem sido abandonados, especialmente nas relações pais-filho, é porque não vale a pena, que não é o que a outra pessoa gostaria que fosse.

Texto adaptado de Psiconline News (Abandono emocional. Quais os efeitos psicológicos desse sentimento)


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